sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Atlântida - o "Continente Perdido" existiu ou não?



A Atlântida aparece neste mapa de 1669,
encontrado em Amsterdã (Holanda),
como uma grande ilha ou continente
entre a África e a América.


Em dois de seus famosos "Diálogos" - "Timeu" e "Crítias" - 
Platão 
mencionou uma civilização detentora de conhecimentos avançadíssimos para sua época. 



Nos "Diálogos", Platão escreveu que essa misteriosa civilização vivia numa grande ilha - ou "continente" - se situava próxima às Colunas de Hércules. Ele revelou que esses relatos foram feitos por Sólon. Porém, historiadores respeitáveis confirmam que outro grego, Sólon, que se notabilizou como poeta, político e jurista, ouviu falar dessa civilização numa de suas viagens ao Egito. As Colunas de Hércules são dois promontórios que existe no Estreito de Gibraltar. Elas têm esse nome porque, segundo a mitologia grega, o estreito foi aberto naquele ponto por Hércules, o famoso herói, filho de Zeus, detentor de uma força extraordinária. 
A foto obtida por satélite
mostra o Estreito de Gibraltar.
O Estreito de Gibraltar separa naturalmente o mar Mediterrâneo do oceano Atlântico e a Europa da África (foto ao lado). Ao norte estão a Espanha e o território britânico ultramarino de Gibraltar. Ao sul estão Marrocos e uma região conhecida como Ceuta, um enclave espanhol no norte da África. É a única abertura entre o Mediterrâneo e o oceano Atlântico e se situa entre o mar de Alborão e o golfo de Cádiz. Sua extensão fica entre a linha imaginária que interliga Gibraltar e Ceuta e a linha entre os cabos Espatel e Trafalgar. A distância entre a Europa e a África através dele é de pouco mais de 14 km. Suas profundidades variam entre 280 e mil metros. Essas distâncias tão pequenas tornaram o estreito, já na Antiguidade, um dos locais preferidos como pontos estratégicos para o movimento de navios em tempos de guerra e por ser comercialmente muito viável em tempos de paz.  
Platão nasceu em 428 a.C. e faleceu aos 80 anos de idade, em 348 a.C. (*). Sólon nasceu em 638 a.C. e morreu em 558 a.C. Portanto, os gregos já conheciam as histórias sobre aquele povo dois séculos antes da época de Platão. Os gregos chamavam a ilha ou continente de "Atlântida", e seus habitantes, "atlantes" ("Atlântida" é uma forma "aportuguesada"). A tradição conta que Sólon ouviu falar deles num encontro que teve com um sacerdote egípcio em Sais, cidade que se situava próxima ao delta do rio Nilo. Alguns autores dizem que a história dos atlantes contada por Platão foi realmente baseada em antigas tradições gregas. Outros afirmam que ele se inspirou em relatos de sua própria época. 
Conta a tradição que os atlantes eram um povo super desenvolvido tecnológica, social e cientificamente. Seus médicos realizavam cirurgias semelhantes às que são realizadas hoje, indolores  e de altíssima precisão. Seus conhecimentos de astronomia iam muito além dos mais avançados conhecimentos de astrônomos de outras nações. Entretanto, eles tiveram  um fim trágico. Num dado momento, os atlantes tiveram um fim muito trágico: em um dia e uma noite, uma sequência de cataclismos destruiu todo o continente e fez com que todo o povo desaparecesse da face da terra. Desde então, a Atlântida se tornou conhecida como "o Continente Perdido" ou "o Continente Desaparecido". 
Os gregos explicavam este desaparecimento dizendo os atlantes foram punidos pelos deuses. Diziam que, a princípio, aqueles grandes dominadores da navegação marítima e detentores de armamentos considerados muito avançados para a época, eram amigos dos demais povos, inclusive dos próprios gregos. Com eles, realizavam comércio, trocas de conhecimentos em geral, etc. Talvez isto tenha algo a ver com a origem da historicamente conhecida cultura grega expressa através das artes, das ciências (especialmente a matemática) e da filosofia. Porém, os gregos contavam também que, quando os atlantes passaram a perceber que seu potencial tecnológico e armamentista era bem superior aos dos outros povos, passaram a praticar guerras contra esses povos. Por isto, os deuses, insatisfeitos com essa atitude, vieram do céu e destruíram a Atlântida, fazendo-a desaparecer para sempre, juntamente com seu povo. 
A história da Atlântida ficou "esquecida" por muito tempo. Somente na Idade Media surgiram umas poucas obras literárias a seu respeito. Depois, mais algumas na Idade Moderna. Entretanto, durante o século XX, mergulhadores encontraram pedaços de estátuas, ruínas de prédios e outros objetos cujos estudos confirmaram que eram da época em que os atlantes supostamente viveram. Essas coisas foram encontradas exatamente em profundezas marítimas localizadas na região descrita por Sólon como o local onde havia o "Continente Perdido": "...além das Colunas de Hércules, onde terminava o mar Mediterrâneo e começava o oceano Atlântico."
Começaram então as especulações. A Atlântida existiu de fato? Existiu mesmo ali uma civilização que dominava ciências e tecnologias muito evoluídas em relação às de outros povos, ou até mesmo em relação às ciências e tecnologias que conhecemos atualmente? Coincidência ou não, especialistas em geografia confirmam que existem evidências de que ali ali existiu uma grande ilha destruída por um cataclismo. A pequena distância entre a Europa e a África naquele local sugere que, num passado distante, os dois continentes se interligavam por ali. 
Alguns autores de diversos livros sugerem que os "deuses" que teriam castigado os atlantes fazendo-os desaparecer seriam naves aeronaves trazidas à terra por seres de um outro planeta que destruíram a ilha com bombardeios. Há também os que afirmam ou pelo menos supõem que os atlantes deixaram descendentes. Os Maias, por exemplo, estariam entre os povos com maiores possibilidades de serem alguns desses descendentes. 
Arqueólogos encontraram nas ruínas dos templos maias, na península do Yucatán, no México, inscrições que contavam a história de seus ancestrais, descrevendo-os como um povo que vivia numa ilha que desapareceu. Hoje sabemos que os maias e outros povos americanos pré colombianos - astecas, incas, etc., - dominavam altíssimos conhecimentos de arquitetura, o que pode ser constatado através das enormes pirâmides e dos templos que eles construíram, cujos restos ainda existem em bom estado de conservação apesar de terem sido construídos entre os anos 1000 a.C. e 900 d.C. (depois de Cristo). Ou seja, são construções com mais de 1.100 anos de existência. 

Palenque,

uma das muitas cidades dos Maias.
Leia mais sobre Palenque aqui

Coincidências? Talvez. Mas quem pode afirmar que são só coincidências? Não seria possível existir, mesmo na nossa cultura, alguma influência da cultura atlante sem que sequer imaginemos isto? Ao que me parece, as dúvidas quanto a verdades e lendas relacionadas ao "Continente Desaparecido" ainda permanecerão por muitos anos. Talvez a certeza de que ele tenha existido ou não nunca venha. Porém, não há como negar que as coincidências - se forem mesmo apenas coincidências - são muitas e são bem marcantes.
As descobertas relacionas à Atlântida não se restringem apenas a essas coincidências. Para entender melhor sobre isto, leia o artigo "Os Minoicos".   



(*) Os anos ocorridos antes de Cristo (a.C.) são contados em ordem inversa. O ano 320 a.C., por exemplo, ocorreu antes do ano 319 a.C. Depois de 319 a.C., veio o ano 318 a.C., e assim por diante.

Fontes:
  • "Atlântida" e "Os Maias" - Wikipedia
  • "Platão" (coleção "Os Pensadores" )- editora Nova Cultural - São Paulo, SP;
  • "Atlântida, o Enigma dos Deuses", de Curtis Masil - Ediouro - Rio de Janeiro, SP.
  • "O Livro do Misterioso Desconhecido", de Robert Charroux - editora Difel - Rio de Janeiro, RJ.

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado por prestigiar este blog. Seus comentários sempre serão muito importantes.